Enfermagem de BH protesta contra mortes de profissionais na Praça Sete, em Belo Horizonte
- Post by: Comunicação
- 11 de maio de 2020
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98 trabalhadores da categoria morreram em decorrência de complicações da Covid-19 no Brasil desde o começo da pandemia; 3.872 profissionais testaram positivo para o novo coronavírus no país; Em BH, trabalhadores da enfermagem que estão na linha de frente ao combate ao Covid-19 recebem a título de adicional de insalubridade apenas R$ 71,70 por mês
Diferentemente dos anos anteriores quando os profissionais da enfermagem se aglomeravam e realizam passeatas pelas ruas de Belo Horizonte e promoviam audiências públicas na Câmara Municipal de Belo Horizonte e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais com o intuito de chamar atenção para a valorização da categoria durante a Semana da Enfermagem, neste ano as ações serão diferentes em função da pandemia da Covid-19.
Nesta terça-feira, 12 de maio, alguns trabalhadores da enfermagem da cidade vão participar de um ato na Praça Sete, às 15 horas, para protestar por melhores condições de trabalho e evidenciar que 98 profissionais enfermagem estão mortos em decorrência de complicações da Covid-19 no Brasil desde o começo da pandemia no país.
Os profissionais vão colocar 98 cruzes na Praça 7, em referência ao número de trabalhadores que morreram. Dos 98 profissionais de enfermagem mortos pela Covid-19 no Brasil, 25 são enfermeiros, 56 técnicos e 17 auxiliares de enfermagem, de acordo com o Observatório da Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Desses, 67% são mulheres. Ao todo, 13.522 casos suspeitos foram reportados, sendo que 3.872 pessoas tiveram o diagnóstico confirmado para a Covid-19.
O número de casos já é maior do que nos Estados Unidos, país mais atingido pela pandemia do novo coronavírus no mundo e que contabiliza 91 mortes de profissionais da enfermagem. Em todo o mundo, 260 profissionais morreram, de acordo com levantamento da National Nurses United (NNU).
Em Minas Gerais, o número de casos reportados de profissionais da enfermagem infectados é de 436, com uma morte confirmada em decorrência de complicações da doença, ainda de acordo com o Observatório da Enfermagem do Cofen. Em Belo Horizonte, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, pelo menos 67 profissionais da saúde contraíram o Covid-19 e 44 casos estão em investigação.
Na linha de frente no combate ao novo coronavírus, expostos a maior risco de contaminação e com trabalho considerado essencial e “heróico” pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, os profissionais da enfermagem da cidade lutam pela valorização e reconhecimento das carreiras. Cerca de 90% dos trabalhadores recebem a título de adicional de insalubridade apenas R$ 71,70 por mês ou R$ 3,58 por dia para colocarem em risco a própria saúde e de seus familiares.
“O valor do adicional de insalubridade, além de não corresponder à justa retribuição ou compensação pelos riscos aos quais estes profissionais da saúde estão expostos, ficou sem o reajuste integral da inflação por cerca de 11 anos ou no período de 2007 a 2019, recebendo apenas um reajuste de 2,53% no ano de 2018 contra uma inflação acumulada de 105%, conforme o INPC apurado de 2007 a 2019”, explica Ilda Alexandrino, técnica de enfermagem e vice-presidente do SINDIBEL.
De acordo com Hudirley Ruela, enfermeiro e diretor do SINDIBEL, a manutenção do pagamento do adicional de insalubridade nos moldes e valores atuais não se encontra em harmonia com finalidade do pagamento e reflete desvalorização e fere a dignidade do trabalho destes servidores.
“Se comparado com o setor privado, os profissionais da saúde recebem o adicional de insalubridade correspondente a 10%, 20% e 40% do salário mínimo vigente. Portanto, os servidores da saúde não vêm recebendo a título de adicional de insalubridade valor condizente com importância e complexidade do seu trabalho, que tem como finalidade precípua cuidar das pessoas e salvar vidas, principalmente, as mais carentes”, afirma Hudirley Ruela.
Assim, considerando o agravamento dos riscos e o aumento da demanda, estresse, tensão e insegurança no ambiente de trabalho em razão da Covid-19 e desvalorização constante do valor da insalubridade, aliados a necessidade de valorização da categoria, o SINDIBEL vem solicitando à Prefeitura de Belo Horizonte que o adicional de insalubridade seja calculado conforme o salário base do profissional e que neste período de pandemia que seja concedido a todos os profissionais da saúde o pagamento do adicional de insalubridade no grau máximo (40%) enquanto perdurar a pandemia, pelo alto risco a saúde e a vida em função da contaminação pelo coronavírus.