Enfermagem de BH protesta contra mortes de profissionais na Praça Sete, em Belo Horizonte

Enfermagem de BH protesta contra mortes de profissionais na Praça Sete, em Belo Horizonte

98 trabalhadores da categoria morreram em decorrência de complicações da Covid-19 no Brasil desde o começo da pandemia; 3.872 profissionais testaram positivo para o novo coronavírus no país; Em BH, trabalhadores da enfermagem que estão na linha de frente ao combate ao Covid-19 recebem a título de adicional de insalubridade apenas R$ 71,70 por mês 

Diferentemente dos anos anteriores quando os profissionais da enfermagem se aglomeravam e realizam passeatas pelas ruas de Belo Horizonte e promoviam audiências públicas na Câmara Municipal de Belo Horizonte e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais com o intuito de chamar atenção para a valorização da categoria durante a Semana da Enfermagem, neste ano as ações serão diferentes em função da pandemia da Covid-19.

Nesta terça-feira, 12 de maio, alguns trabalhadores da enfermagem da cidade vão participar de um ato na Praça Sete, às 15 horas, para protestar por melhores condições de trabalho e evidenciar que 98 profissionais enfermagem estão mortos em decorrência de complicações da Covid-19 no Brasil desde o começo da pandemia no país. 

Os profissionais vão colocar 98 cruzes na Praça 7, em referência ao número de trabalhadores que morreram. Dos 98 profissionais de enfermagem mortos pela Covid-19 no Brasil, 25 são enfermeiros, 56 técnicos e 17 auxiliares de enfermagem, de acordo com o Observatório da Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Desses, 67% são mulheres. Ao todo, 13.522 casos suspeitos foram reportados, sendo que 3.872 pessoas tiveram o diagnóstico confirmado para a Covid-19.

O número de casos já é maior do que nos Estados Unidos, país mais atingido pela pandemia do novo coronavírus no mundo e que contabiliza 91 mortes de profissionais da enfermagem. Em todo o mundo, 260 profissionais morreram, de acordo com levantamento da National Nurses United (NNU).

Em Minas Gerais, o número de casos reportados de profissionais da enfermagem infectados é de 436, com uma morte confirmada em decorrência de complicações da doença, ainda de acordo com o Observatório da Enfermagem do Cofen. Em Belo Horizonte, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, pelo menos 67 profissionais da saúde contraíram o Covid-19 e 44 casos estão em investigação.

Na linha de frente no combate ao novo coronavírus, expostos a maior risco de contaminação e com trabalho considerado essencial e “heróico” pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, os profissionais da enfermagem da cidade lutam pela valorização e reconhecimento das carreiras. Cerca de 90% dos trabalhadores recebem a título de adicional de insalubridade apenas R$ 71,70 por mês ou R$ 3,58 por dia para colocarem em risco a própria saúde e de seus familiares.

“O valor do adicional de insalubridade, além de não corresponder à justa retribuição ou compensação pelos riscos aos quais estes profissionais da saúde estão expostos, ficou sem o reajuste integral da inflação por cerca de 11 anos ou no período de 2007 a 2019, recebendo apenas um reajuste de 2,53% no ano de 2018 contra uma inflação acumulada de 105%, conforme o INPC apurado de 2007 a 2019”, explica Ilda Alexandrino, técnica de enfermagem e vice-presidente do SINDIBEL.

De acordo com Hudirley Ruela, enfermeiro e diretor do SINDIBEL, a manutenção do pagamento do adicional de insalubridade nos moldes e valores atuais não se encontra em harmonia com finalidade do pagamento e reflete desvalorização e fere a dignidade do trabalho destes servidores.

“Se comparado com o setor privado, os profissionais da saúde recebem o adicional de insalubridade correspondente a 10%, 20% e 40% do salário mínimo vigente. Portanto, os servidores da saúde não vêm recebendo a título de adicional de insalubridade valor condizente com importância e complexidade do seu trabalho, que tem como finalidade precípua cuidar das pessoas e salvar vidas, principalmente, as mais carentes”, afirma Hudirley Ruela.

Assim, considerando o agravamento dos riscos e o aumento da demanda, estresse, tensão e insegurança no ambiente de trabalho em razão da Covid-19 e desvalorização constante do valor da insalubridade, aliados a necessidade de valorização da categoria, o SINDIBEL vem solicitando à Prefeitura de Belo Horizonte que o adicional de insalubridade seja calculado conforme o salário base do profissional e que neste período de pandemia que seja concedido a todos os profissionais da saúde o pagamento do adicional de insalubridade no grau máximo (40%) enquanto perdurar a pandemia, pelo alto risco a saúde e a vida em função da contaminação pelo coronavírus.

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